De que as coisas pararam, e de repente você não se vê mais onde estava.
Cade aquele cara que levantava sorrindo, todo dia de manha, xingando o despertador?
Esse cara esta ali, dormindo naquele canto da sua consciência que guarda a criança que brincava de Power Rangers enquanto ia pra escola, cortando as arvores com uma espada imaginaria.
Tem aquela hora, quando você olha pro espelho e vê um estranho
O mundo morre mais um pouco
Cada pedaço de sonho perdido deixa o planeta mais pesado, e ai uma hora afunda.
Toda a nossa existência é baseada em socos. Você leva muitos, mas o importante é: quantos socos você da?
E quantos você escolhe não dar?
Me lembro de uma cena de minha infância, uma cena que eu não vivi: um velho senhor japonês com sua vara de molinete, em um barco no meio do lago de um pesque-pague. A água passa por ele e ele aguarda. Os peixes e o vento e o tempo passam por ele e ele permanece ali. Ele sabe que uma hora, a isca vai ser puxada.
Talvez não seja o que ele espera, mas ele continua ali, aguardando. Não perder oportunidades, e aguardar a oportunidade certa, muitas vezes parece mais negocio do que sair correndo atras de qualquer ônibus, ou sair pisando no acelerador pra chegar mais rápido.
O velho japonês e seu barco. O kami da paciência.
Quando cantamos, respiramos fundo, e isso espanta o mal.
E afinal, sobre o que eu escrevi?
Nada.
Mas eu gostaria de saber ser um velho japonês em um barco.
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