André e Aline estavam deitados na cama. Ela, calça jeans
preta e uma camiseta larga estampada. Lia-se na estampa a palavra Eu, um
coração vermelho ao lado e um pedaço de pizza logo abaixo. Ele, camisa xadrez
em tons de amarelo, uma camiseta branca lisa e calça jeans larga. Ambos de
meias.
Aline aconchegava-se em André, pois da janela vinha uma brisa
gelada, e ela instintivamente buscava proteção em seu amado. Talvez fosse uma
herança genética do tempo das cavernas, em que ficar juntos significava calor,
e portanto, sobrevivência Talvez fosse apenas frio. Ela estava
serena, como uma criança, e cochilava com a boca entreaberta.
André, por sua vez, estava preocupado. Uma preocupação
idiota, típica daqueles que amam demais. Depois de um ano e meio de namoro, ele
ainda não tinha conseguido emocioná-la a ponto de fazê-la chorar. Parece bobo,
ele sabe, mas é algo que o incomoda bastante. Já tentou fazer desenhos, cartas,
surpresas de todos os tipos. Chegou a criar uma musica, bem profunda, que tirou
de seu mais profundo intimo. Ao invés de chorar, Aline abriu um grande
sorriso e o beijou. Ele não conseguia entender.
Aline acordou e olhou nos olhos de André, abrindo o sorriso
mais lindo que ele já havia visto. O movimento deixou à mostra seu decote, e
André aproveitou para dar uma espiada. Fingindo estar brava, Aline segurou o
rosto de André e o beijou. Mas ele não conseguiu corresponder como gostaria.
- Ei, o que foi?
- Sei lá, tava pensando aqui..
-Pensando o que?
- Tipo, eu não te dou atenção suficiente não é?
- Hein?
- Tipo, eu não consigo te deixar emocionada. Como se eu não
mexesse com seus sentimentos.
- Não viaja. Sério, não fala bobagem.
- Mas por exemplo, eu nunca te fiz chorar. Nunca te
emocionei, não é?
Aline olha com certa incredulidade para André. Abre um
sorriso e o beija bem devagar. André se deixa levar e esquece de tudo.
- Seu bobo, eu já chorei demais por tantos outros motivos, e
não preciso chorar com você. Com você não. Você é aquele que me faz sorrir,
sempre, sempre.
Aline desliza para cima de André e o mundo gira no compasso
de suas respirações. Lá fora, alguns pássaros começam a cantar com o fim da
tarde. A brisa já não sopra com tanta força, apenas o suficiente para tremular
as cortinas. Ao longe, timidamente, pode-se ouvir o barulho do mar.
Nossa... Muito Bom ! (:
ResponderExcluirGostei muito cara, acho que é o melhor texto que tu já escreveu. Parabéns!
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