Henrique
orgulhava-se de sua coleção: três prateleiras cheias de livros de vários temas.
A maioria era de literatura, mas tinha muitos de historia e mais alguns
quadrinhos. Porém, o que Henrique não tinha era tempo para ler.
Ele
e Marcela ainda não tinham conseguido comprar um carro, e por isso pegavam
ônibus para ir aos seus respectivos trabalhos. O ônibus de Henrique quase
sempre estava cheio, e por isso era difícil conseguir sentar. Quando conseguia,
logo abria o livro da vez. Já tentou ler em pé, mas com livros grandes era uma
difícil tarefa, sem contar que o livro poderia cair no chão e amassar, como
acontecera tantas vezes.
Em
casa também era difícil ter tempo para ler. O local mais propicio era o
banheiro, mas não podia ficar tanto tempo lá. Marcela chegava mais cedo que ele
do trabalho, e até umas dez horas da noite fazia costuras para arrecadar uma
grana extra para o casal. Henrique chegava lá pelas oito e fazia comida para os
dois. À noite, sentia-se tão cansado que lia meia página e já caía no sono. E
nas noites em que estavam mais bem dispostos, o casal aproveitava para namorar.
Ele chegava a sonhar que estava sentado em um belo parque lendo seus tão amados
livros, e acordava mal humorado quando percebia que foi tudo ilusão.
Henrique
estava num ponto crítico: ou mudava de vida e vivia de verdade, ou continuava
com sua não-vida. Resolveu virar tudo de pernas pro ar. “De que adianta ter
tantos livros e não poder ler? Minha vida vai mudar, e se não for por bem, vai
ser por mal!”
No
dia seguinte, foi até o banco e esperou na fila. Lá dentro, pegou uma senha e
esperou ser chamado. Não sentia-se nervoso, apenas ansioso. Quando chegou sua
vez, inventou que queria abrir uma conta. Lorota pra cá, lorota pra lá, deixou
seu celular cair para o lado da gerente. “Eu pego pro senhor”. Quando a mulher
se abaixou, Henrique puxou uma caneta esferográfica de seu bolso, saltou por
sobre a mesa e rendeu a moça, pressionando a caneta contra o pescoço da mesma.
Os seguranças puxaram suas pistolas, mas o rapaz se enfiou em um canto,
protegendo as costas e mantendo uma boa visão geral. “Calma moço, não me
machuca! Você quer dinheiro? Eu te dou dinheiro, e pago um advogado pra te
defender, mas não me mata!” dizia a moça, chorando.
Henrique
não falou nada e apenas esperou. Quando o negociador chegou, Henrique fez sua exigência
e soltou a mulher, sendo preso em seguida.
Na
cadeia, Henrique agora era um homem feliz. Sua exigência fora cumprida e seus
livros foram levados para a prisão, onde agora ele tinha todo o tempo apenas
para ler.
AUSHDAUSDH =D
ResponderExcluirAchei um barato ele querer ser preso para ler. Muito divertido.
Parabéns Paim *-*