12.12.12

O Filantropo

Eu sou alguém que ajuda muito as outras pessoas.
Não que eu seja especial, sou apenas um advogado meia-boca, mas em geral eu estou no lugar certo e na hora certa.
No começo eu tinha receio de ajudar desconhecidos. Afinal, o que eles pensariam? Porque alguém estaria se preocupando com a felicidade deles? Mas com o tempo você pega o jeito. Não depende de dinheiro nem de oportunidades, por que elas existem aos montes. Depende apenas de vontade.
Já ajudei umas crianças de rua que passavam fome, dois ou três mendigos, e uma senhora cega que não conseguia atravessar a rua. Já houveram casos mais sérios, como quando me envolvi com um grupamento de manifestantes sem-terra. Com meu auxilio, eles passaram a ter mais terra do que um dia imaginaram! A sensação de ajudar alguém é maravilhosa, seu olhar brilha e sua alma rejuvenesce. Animais então, esses eu perdi a conta de quantos eu já auxiliei, e até onde sei, estão melhor do que quando os encontrei.
Os humanos estão tão acostumados a serem ignorados, a serem indiferentes no mundo, que quando nos dispomos a ajudar, eles muitas vezes se assustam com nossa benevolência. Alguns chegam a parecer apavorados!
Lembro-me da ultima vez que ajudei alguém a tomar rumo em sua vida. Foi há duas semanas, mais ou menos. Eu estava passando por uma pequena ponte da minha cidade quando vi uma moça em cima do parapeito. Ela chorava copiosamente, segurando um par de alianças. Me compadeci da jovem e me aproximei. Ela percebeu-me, e protestou para que eu não me aproximasse, pois nada que eu fizesse a impediria de se jogar. Estava na cara que ela ainda não tinha reunido coragem suficiente cometer o ato. Aquele rio é pedregoso, e tem uns 5 metros de profundidade.
Eu fiquei muito triste por ela. Uma jovem linda, simples, provavelmente de família boa, com o coração despedaçado por algum babaca insensível. Quando ela mandou eu não me aproximar, sorri para ela e disse que só queria lhe ajudar. Disparei em sua direção e dei-lhe um soco no joelho, fazendo ela se desequilibrar-se e cair na água. Acho que ainda não acharam o corpo, mas tenho certeza de que ela nunca mais vai chorar por causa de amor.
Eu sou alguém que ajuda muito as outras pessoas.

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