9.4.15

Prédio

-Êêêêêê...Piiishhh!! Êêêêêê...Piiishhh!! 

-Os teus espirros já são irritantes no solo, Pontes, pelo microfone dos nanos é pior ainda! Parece barulho de soco de filme de kung-fu. 

-Não enche meu saco Borges. Pelo menos eu sei falar Nano-s certo. 

-Não sou yankee, falo como se escreve. Que tal voce dar uma pegadinha aqui no... 

-Chega voces dois - disse o capitão - Se concentrem na missão. Quando o Prédio aparecer, o sangue de vocês tem que estar borbulhando! 

Os tres se moveram lentamente pelos becos de São Paulo, que já fora uma grande metrópole, super populosa, e hoje é um monte de escombros e lixo. Nada além de ratos sobrevive na cidade. As esteiras de suas nano-suits, armaduras bélicas de assalto, que de pequenas não tinham nada, moviam-se vagarosamente, enquanto os pilotos aguardavam. Os americanos se aproximavam pela avenida paulista, e os tres estavam se preparando para derrubar o Prédio, um Mobile Suit de quase dez metros de altura. Uma montanha de projéteis, explosivos e morte. O céu escuro não deixava saber das horas. Podia ser noite, podia ser fumaça.

-Porque a gente não chama essas merdas apenas de robôs? - disse Borges, o tenente. 

-Porque não são apenas robos. Um portao eletrico é um robô, um guindaste automático é um robô, as nano-s são muito mais que isso. - respondeu Pontes, professoral. 

-E que tal mecha? quando eu era criança, tinha um monte de desenho sobre isso. Lembra do Gundam? - sugeriu Borges, ansioso. 

-Eu gostava disso ai também - disse o capitão - mas agora calem a boca. Agradeçam que essas merdas não sejam EVA's. 

-Sejam o que? - Borges, pensando na Bíblia. 

-Era de um desenho, os robôs eram meio orgânicos - Pontes, com cara de nojo. 

-Preparem-se, eles chegaram! - gritou o capitão. 

Pelas ruas, o robô conhecido como Prédio se arrastava, pesado, com suas esteiras devorando tudo que vinha pela frente. Os nano-s americanos de apoio tinham que cuidar e desviar-se para não virar pate de metal e carne. 

Borges e Pontes se posicionaram um de cada lado de um cruzamanto, escondidos sob a marquise dos predios mortos. Sabiam que seu primeiro desafio seria lidar com os nano-s batedores, que vinham vasculhando becos e vielas antes do Prédio chegar. O capitão tentaria desativá-los, mas poderia não dar certo. O grandioso robô estava sendo encaminhado para o fronte no interior do estado. Em campo aberto, ele era como uma foice, ceifando a vida de milhares de soldados inimigos em tempo absurdo, mas dentro de uma cidade, era alvo fácil. E era essa vantagem que os pilotos brasileiros queriam aproveitar. 
Junto com o Prédio, oito nano-s com esteiras de alta velocidade se espalhavam e faziam a patrulha por onde o colosso passaria. Cerca de cinquenta homens caminhavam a pé, com armas de alta perfuração e bazucas de calor, muito parecidas com as armas dos filmes Transformers

Doze drones patrulhavam o espaço aéreo e faziam buscas de sinais de calor. E contra esse pequeno exército, apenas os três pilotos brasileiros e seus robôs de assalto, simplificados: dois misseis, metralhadoras e armas de contato para cada um deles. Só. 

-Quero vocês dois com fogo rápido. Não se preocupem com os soldados. Neutralizem os nanos que puderem e foquem os misseis nas esteiras. Eu vou matar os pilotos no cockpit e dar suporte aéreo enquanto vocês instalam o C4. Saiam vivos dessa rapazes! 

-Hehehehe 

-Qual a graça Borges? - perguntou o capitão. 

-O senhor falou nanos, igual a mim. Deu ruim pra ti, Pontes. 

Os três se prepararam. O capitão estava no terraço de uma construção 
-
É agora! 

Lá de cima, o capitão disparou um pulso eletromagnético que derrubou os drones e desativou os Nano-S. Borges e Pontes arremeteram dos becos. Tiros começaram a ser disparados, mas os soldados brasileiros desviavam da maioria e a blindagem fazia seu trabalho. Enquanto avançavam, assassinavam os pilotos dos nano-s com as laminas retrateis nos braços de suas suits e atropelavam alguns soldados inimigos que estavam a pé.
O pulso não afetou em nada o Prédio, que começou a disparar instantaneamente. Bombas e balas choveram sobre eles, e muitos dos soldados de escolta do Prédio foram abatidos nessa chuva de fogo amigo. Os sobreviventes desertaram, correndo por suas próprias vidas. O capitão disparou um míssil contra o cockpit e matou os três pilotos do Prédio. Borges e Pontes instalaram C4 nas lagartas do monstro de ferro e se afastaram. Enquanto fugiam, Pontes passou por cima de uma pilha de corpos e a lagarta esquerda de seu nano-s travou com a pasta de carne, exatamente no momento em que ele e Borges acionaram o detonador do C4. O nano-s de Pontes caiu sobre si mesmo como uma vara verde desentortando. Pontes bateu a cabeça e desmaiou. 

-Pontes! Cacete! Espera aí, eu já to ind... - disse Borges, antes de uma bala de calibre .50 transformar sua cabeça em vapor. Dois nano-s inimigos se reativaram, e um deles abateu Borges.  

O Prédio começou a cair, devagar, e Pontes não acordou. Foi esmagado pelo robô que ajudou a destruir. Morreu dormindo. 

O capitão tentou fugir, mas assim que desceu de onde estava, foi perseguido e destruído por misseis dos drones que voltaram a funcionar. 

Missão cumprida. 

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